As decisões médicas necessárias para o diagnóstico, estadiamento e tratamento do câncer são fundamentadas em evidências obtidas a partir de estudos clínicos internacionais e categorizadas em graus de recomendação. Ao navegar pelos itens abaixo você irá entender melhor como funciona o raciocínio clínico na tomada de decisões sustentadas.
A oncologia é uma especialidade médica cujo conhecimento encontra-se sistematizado. Primariamente, o conhecimento pode ser dividido em standard e experimental. Conhecimento standard é aquele já reconhecido, internacionalmente, como a melhor opção disponível, no momento. Conhecimento experimental representa uma opção bem fundamentada técnica e eticamente, mas que poderá ou não ser útil, pois ainda encontra-se em fase de teste.
Este entendimento é muito importante, porque salienta que nem sempre o experimental é o melhor. Quando se fala em inovação, muitas pessoais interpretam como sendo algo já completamente testado e seguro. Infelizmente, na mídia, ainda não existe um critério claro para o significado de novo ou inovação. Freqüentemente, o que é chamado de novo, inovação ou descoberta é algo que se encontra em fase de teste e portanto não totalmente avaliado quanto a sua efetividade ou risco. Para melhor orientação médica da sociedade, deveria ser chamada de novo, inovação ou descoberta aquele conhecimento que já foi totalmente testado e que surge como uma opção melhor do que a standard, substituindo, de forma metodologicamente correta, um conhecimento anterior e comprovadamente inferior.
O médico especializado é o único profissional qualificado para julgar e orientar a sociedade quanto a classificação standard ou experimental da intervenção proposta. Esta é uma habilidade ampla e complexa, motivo de vários encontros científicos internacionais, exigindo atualização continuada e tendo um papel definitivo no sucesso a ser atingido. O conhecimento científico é sempre amplamente divulgado e disponibilizado. Cabe ao médico avaliá-lo criticamente em sua tomada de decisão.
O médico pode e deve fornecer ao paciente e a família as fontes onde o conhecimento está publicado e liberá-las para avaliação crítica, especialmente quando uma segunda opinião está sendo buscada. Os médicos sabem como categorizar os níveis de evidência do conhecimento sobre o câncer e isso é muito importante para a segurança na recomendação que será feita. Estes níveis de evidência do conhecimento estão presentes em situações de diagnóstico, estadiamento, tratamento e prevenção. Existem classificações internacionais que categorizam os níveis de evidência para o conhecimento científico. Estas estão baseadas no poder estatístico do método utilizado para testar o conhecimento novo e no grau de recomendação.
A despeito do conhecimento ser buscado pelo paciente na interação com o médico assistente, este é de domínio universal e amplamente disponível nas publicações especializadas. Quando um pesquisador descreve um novo método de diagnóstico ou tratamento, ele não se apropria da idéia. Ao contrário, a divulga amplamente na literatura científica especializada. O pesquisador é reconhecido por sua autoria e sempre citado quando seus dados são mencionados. Este conhecimento poderá servir de base para novas ideias, gerando uma reação em cadeia de produção científica. Os médicos tem a obrigação de manter-se atualizados, permanentemente. Isto é possível pela leitura continuada de revistas especializadas, bem como por meio de encontros científicos internacionais. Sempre que houver dúvida sobre o nível de evidência de uma recomendação, o médico deverá fornecer as referências da literatura científica que metodologicamente sustentam a orientação dada ao paciente.